A viagem do Beagle

HMS Beagle era um navio da Armada Inglesa que deu a volta ao mundo com Charles Darwin abordo.
A viagem do Beagle durou quatro anos e nove meses, dois terços dos quais Darwin esteve em terra firme.
Ele estudou uma rica variedade de características geológicas, fósseis, organismos vivos e conheceu muitas pessoas, entre nativos e colonos. Darwin coletaram metodicamente um enorme número de espécimes, muitas das quais novas para a ciência. Isto estabeleceu a sua reputação como um naturalista e fez dele um dos precursores do campo da Ecologia, particularmente a noção de Biocenose. Suas anotações detalhadas mostravam seu dom para a teorização e formaram a base para seus trabalhos posteriores, bem como forneceram visões sociais, políticas e antropológicas sobre as regiões que ele visitou.

Durante a viagem, Darwin leu o livro "Princípios da Geologia" de Charles Lyell, que descrevia características geológicas como o resultado de processos graduais ocorrendo ao longo de grandes períodos de tempo. Ele escreveu para casa que via formações naturais como se através dos olhos de Lyell: degraus planos de pedras com o aspecto característico de erosão por água e conchas na Patagônia eram sinais claros de praias que haviam se elevado; no Chile, ele experimentou um terremoto e observou pilhas de mexilhões encalhadas acima da maré alta o que mostrava que toda a área havia sido elevada; e mesmo no alto dos Andes ele foi capaz de coletar conchas. Darwin ainda teorizou que atóis de coral iam se formando gradualmente em montanhas vulcânicas à medida que estas afundavam no mar, uma idéia confirmada posteriormente quando o Beagle esteve nas ilhas Cocos (keeling).

A passagem de Darwin pelo Brasil foi só o início de uma aventura sensorial e intelectual de cinco anos ao redor da América do Sul. Na Argentina, o deleite deu lugar a uma nova sensação, a dúvida. Em 1833, Darwin ficou intrigada ao ver uma ema (que chamou de pequeno avestruz). Imediatamente, lembrou da avestruz africana. Como explicar a existência de espécies parecidas em continentes tão distantes? Na Patagônia, Darwin coletou fósseis de vários animais extintos. Um deles era blindado e do tamanho de um carro. Sua semelhança com o tatu dos pampas saltou aos olhos do naturalista. Esse tatu gigante era o gliptodonte, extinto há 10 mil anos. Quando Darwin achou os restos de um camelo extinto, as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. Aquele animal era muito parecido com o guanaco dos pampas e a lhama andina, apenas muito maior. Estou “tentado a crer que os animais são criados por um tempo definido. O mesmo tipo de relação que a avestruz comum guarda com o (avestruz) pequeno... (une) o guanaco extinto ao recente (...) Se uma espécie se transforma em outra...”
Em 1835, no fim da viagem, Darwin passou algumas semanas nas Ilhas Galápagos, a 1.000 quilômetros da costa do Equador. A fauna do arquipélago impressionou-o. Cada ilha era habitada por uma espécie de jabutis gigantes. Todas eram quase idênticas, à exceção do padrão de desenho de seus cascos. O mesmo acontecia com os iguanas. A espécie de uma ilha árida, por exemplo, se alimentava de cactus. Mas seu litoral abrigava iguanas-marinhos, comedores de algas. A maior diversidade estava nas aves. A única diferença visível entre a dezena de espécies de tentilhão das diversas ilhas era o bico. Alguns eram grossos para quebrar nozes, outros menores para catar sementes. Havia até um tentilhão vampiro que bebia sangue. Darwin ficou perplexo. Ele conhecia o tentilhão do Equador. Seria ele o ancestral comum de todas as espécies das Galápagos? Teriam elas adaptado seus bicos à dieta disponível em cada ilha?

A bordo do barco, Darwin sofria constantemente de enjôo. Em outubro de 1833 ele pegou uma febre na Argentina e em julho de 1834, enquanto retornando dos Andes a Valparaíso, adoeceu e ficou um mês de cama. De 1837 em diante, Darwin passou a sofrer repetidamente de dores estomacais, vômitos, graves tremores, palpitações, e outros sintomas. Estes sintomas se agravavam particularmente em épocas de estresse, tais como quando tinha de lidar com as controvérsias relacionadas à sua teoria. A causa da doença de Darwin foi desconhecida durante a sua vida e tentativas de tratamento tiveram pouco sucesso. Uma idéia esposada por Kettlewell e Julian Huxley, no início da década de 1960, defende que ele contraiu a Doença de Chagas ao ser picado por um inseto na América do Sul.

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